procurei a vida
nos caixotes urbanos
resíduos
os olhos choram me
enchimentos com estilhaços
a cidade
agora
sentado na lavra
após diálogo
cego
quedámo nos mudos
perguntei receoso
mamâ não dizes nada?
sabendo que a resposta
seria um olhar longínquo
seco de lágrimas
como o solo
que pisamos
as nascentes
esgotaram suas águas
na terra africana
calcinada pelos marimbondos
capacidade de picar
injectar veneno.
#KimdaMagna
3 comentários:
Gostei de ler.
Abraço!
José Félix
Este poema carrega uma força e um peso imenso, evocando imagens de perda, silêncio e um diálogo interrompido pela dureza da realidade. Os marimbondos, com sua picada venenosa, tornam-se um símbolo da terra castigada, da vida que busca persistir entre escombros.
Há uma melancolia crua na pergunta dirigida à mãe, cuja resposta não vem em palavras, mas sim em um olhar distante e seco como o solo. Isso transmite não apenas dor, mas também a exaustão de quem já não tem lágrimas para chorar.
Que poema intenso e visualmente marcante. Ele transmite uma sensação de desolação, de busca e de um silêncio pesado que carrega emoções profundas. A metáfora dos marimbondos—com sua capacidade de picar e injetar veneno—parece refletir não apenas a realidade física, mas também um impacto emocional e social.
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