sábado, 28 de junho de 2025

INVISUALIDADES

 


fazer o sonho

sair

correrias campestres

flor aqui

outra ali

marasmo dos observantes

puxas o cordel

sisal entrelaçado nas bocas

a disparar dualidades

sobre os ventos

murmúrios

sussurros

MURMÚRIOS

escadas de algodão

peso de chumbo

lacra o olhar indecente

incautos

desprevenidos

INCAUTOS

desprezo com altivez

espreita entre frestas

semi abertas

abertas

escancaradamente

mendigo com a lua

na mão

implora

o sol ter!

 

#KimdaMagna

segunda-feira, 9 de junho de 2025

VADIANDO PELAS PALAVRAS

 


 

O pressuposto da objectividade

usando a morte como trampolim

é uma das variáveis na equação

situações vivenciadas no quotidiano

uma escuta psicanalítica

em estado de transparência, mamilo a descoberto.

Vivêssemos numa idade geológica

num laboratório de ideias e experiências

na carnalidade dos livros e bibliotecas…

a liberdade não morreu

perdeu a alma!

Mortes auto infligidas serão uma patologia?

Uma linguagem como estrada espacial

não há leis na natureza

somente necessidades!

Crer tem mais valor do que saber

estamos na prisão.

Livres podemos apenas sonhar-nos, não nos tornamos.

Lamber as explicações causais naturais: uma galeria.

Mau igual a arbitrário? Será?

#KimdaMagna

Do livro "Vadiando pelas palavras"

sábado, 7 de junho de 2025

DESVAIRADAMENTE

 


choque frontal tua boca abrasadora

danos colaterais na porta do túnel

olhos a enrolar, te espero

amar  como um cego apalpando

porque te quero a sangue e fogo

teus sons liquefeitos

nutre me ou morrerei à fome

comer a tua sombra esguia, teu

suspiro...

as garras fincadas no latente

cada movimento, viagem cósmica

um raio caiu aqui, fumegamos

cadências sincronizadas

vai...vem... espádulas palpitantes

aranha de ouro deixa

ficar preso nos teus ardis

beber da tua seiva

ser encarcerado

em delito de paixão

#KimdaMagna

 


quinta-feira, 5 de junho de 2025

MARIMBONDO AFRICANO

 


procurei a vida

nos caixotes urbanos

resíduos

os olhos choram me

enchimentos com estilhaços

a cidade

agora

sentado na lavra

após diálogo

cego

quedámo nos mudos

perguntei receoso

mamâ não dizes nada?

sabendo que a resposta

seria um olhar longínquo

seco de lágrimas

como o solo

que pisamos

as nascentes

esgotaram suas águas

 na terra africana

calcinada pelos marimbondos

capacidade de picar

injectar veneno.


#KimdaMagna