terça-feira, 21 de outubro de 2025

OPACIDADES

 

entediado com as agruras

palitando as carnes duras

sol, água, discernimento

nenhum, alguém, entorpecimento

escada caracol em fibrocimento

qual quê, qual carapuça

serve igual sem rima

estrofe, ritmo, sem sinónimos

a fome o engenho aguça

amargo sabor a lima

quando sugem os antónimos

vira tudo anónimos

quantas vezes

muitas...

as larvas fazem caminho

nas rugas do rosto

não há cosmética

que dissipe...

#KimdaMagna


2 comentários:

Anónimo disse...

Esse poema — “OPACIDADES” — pulsa com imagens densas e uma cadência que mistura desencanto e lucidez. A voz poética parece atravessar um cotidiano áspero, onde o engenho é aguçado pela fome, e a linguagem se dobra em paradoxos e antíteses.

José Félix disse...

Gostei de ler.