quarta-feira, 25 de agosto de 2010

KUBÂNDA


 Matt Tali Massalo-Angola


Tudo se torna demasiado tarde , deixa então estrangular te , suavemente com amor ,  reclina te nesta rocha  à luz  , às minhas mãos suaves,   negras,  mantém  no entanto e contigo esse grave gemido sobrenatural para aprenderes a leitura do rio a regressar.
A foz é o regresso ,    e nos terraços de luz debruçados sobre o rio,  envolvidos numa silenciosa cortina , apenas uma canção audível… sobre os ombros um casaco de musgo!
-Consegues sentir a minha verdura?
-O fresco orvalho a escorrer me?
As portas estão abertas, irradica se puderes, os tímidos medos, a adaptabilidade da minha natureza, criará abismos nos nossos dedos, paraísos espreitarão o suor das uvas azuis, embriagando os corpos , o vento abrindo se… lentamente , as coisas permanecerão assim para sempre. Nada.
O Dia voltou se do avesso e breve, breve o sol fará desenhos sobre nós, brotarão dos nossos lábios cálidos refúgios…   fecha os olhos e entra no enigma do desconhecimento. Dá me a tua mão,  agora que nos movemos em círculos crescentes e o oceano geme sombriamente na penumbra.
Um frenético silêncio estabelece se entre nós e está aqui nos contornos de nós e perante o azagaiado mamilo ponteagudo, quero lá saber da alma, e rogo te, fere a minha desnudada savana, para assim perceber a tua profundidade.

Kubânda = Desvendar

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

POASIA

Saber da EVA
origem da vida
necessária
palmada no mataco
 a fácies se tornou
insensível
alma ancestral
crânio gruta, agreste
funje musical, fumega
ainda
pilão na mão da Eva.
...dedos de incêndio
nas bocas dos filhotes
segundos a passar tempo
veias sôfregas
castigam.
Supositar cultura, supositório
no ânus primitivo inculto
sílabas da terra, a inscrever
Poasia.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Expressão em Kimbundu




---Mukonda ku tuatundu kiá, ki tutena kumona-ku dingi kima.
---O kima tu-ki-sanga, kiala ku tuala mu ia.


........" Porque de onde viemos nada mais há para ver.
..........O que procuramos está lá para onde vamos.


         na obra-----Nós, os do Makulusu  de  Luandino Vieira