terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ASAS A CRESCER

Agora aqui chegada, em espaço e tempo, soluço coisas mal digeridas, a curvatura do tempo pesa me, o espaço está reduzido, sinto me como na posição fetal, apertada e dependente da tubular ligação, amnióticas causas, pensa se.
Quero abrir os olhos nas neblinas densas que cobrem as cidades, realizar o vai e vem formigueiro, pendurar me no mastro do qual não veja o topo e qual autómata, subir... subir por ali e incansável devo manter me. Vai ser permitido chorar de quando em vez, o ranger da dentadura também, mais o uso de um escarlate batom espalhado nos lábios pois convém não esquecer o fruto proibido, mandará o bom censo.
Ser mãe e filha sem o rímel das vidas, de cara lavada na água fria de uma nascente ali mesmo na rocha bruta, fendida pela insistente leveza da água, deixarei ela escorrer meu corpo até à perfeita comunhão. Se acaso a cria pedir o pão que não possuo disfarçarei em canções as angústias e fomes, negarei ao macho direitos e deveres para encetar então a prometida jornada da liberdade, sem recuos nem desvios verei as asas  crescer em mim.
Filhos de muita gente, de todos, surgirão novos seres mais ricos. Lilith sorrirá lá no seu canto vendo a educação-orientação desaparecendo.
Acrescentarei um volumoso escárnio sobre a SoBERANIA das posses, antes de entrar NUA na perfeita comunhão da água para sempre.

1 comentário:

Muadiê Maria disse...

Asas a crescer...

Gostei dessas palavras